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Foto do escritorSelma Bueno Alves

A PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO

Atualizado: 13 de jan. de 2021


Do nascimento a vida adulta, toda ação tomada vai interferir no desenvolvimento do ser humano. Antes mesmo da gestação as atitudes já mexem com esse ser.

Será que ele foi uma criança querida?

Planejada?

Veio ao acaso?

Aconteceu?

O desejo era do casal, ou somente um desejou?

São muitas as questões que cabem aqui.

Aqui também nos perguntamos:

Como foi a gestação?

Como foi o parto?

Quem cuidou da criança ao nascer?

Quem ajudou a família?

Quem esteve presente e como era essa relação com o bebê?

Para além da hereditariedade a história de vida conta muito para um desenvolvimento saudável desse pequeno ser que acaba de ser inserido no mundo.

Características físicas e psicológicas vem pela hereditariedade, por ocasião da concepção, cada um dos pais doa 23 cromossomos que formarão pares e trarão muitas características da família. Através do DNA recebemos de nossos pais informações genéticas que registram todas as instruções necessárias para formar o ser humano. Os genes ão pequenas regiões desse código de DNA, eles trazem características como cor dos olhos e cabelos, assim como pode herdar vários problemas, como anemia falciforme, hemofilia fibrose cística, distrofia muscular albinismo e algumas formas de retardo mental.. Os genes ainda podem ser "dominantes" ou "recessivos" e devem formar pares com os "dominantes " ou "Recessivos" recebidos para que seu efeito seja expresso. Até certo ponto a altura, tamanho, formato do corpo,inteligência, porte atlético, traços de personalidade, orientação sexual são definidos pela genética (Hamer & Copeland, 1998).

Com o crescer desse pequeno ser o ambiente e a nutrição entram para trabalhar junto com a hereditariedade e genética, dando ao sujeito mais características, novos modos de viver que são somados aos que estavam impressos no DNA. A nutrição implica na vida do sujeito desde o pré natal, uma mãe que não tem uma alimentação balanceada acaba trazendo ao mundo uma criança mais debilitada. Aliados à nutrição, doenças como Rubéola, sífilis, HIV ou a utilização de drogas, pode prejudicar o bebê fazendo com que nasçam com com problemas congênitos ou "defeitos de nascença", estes, ao contrario dos distúrbios genéticos, não são herdados dos pais, estão ligados a nutrição, ambiente durante a gestação. O uso de drogas durante a gestação atinge o feto, uma mãe viciada em morfina, cocaína ou crack por exemplo, pode fazer com que seu filho venha a nascer viciado. Uso de álcool provoca síndrome alcoólica fetal (SAF). A criança pode nascer com pouco peso, ter a cabeça pequena, defeitos corporais e mal formação facial, algumas ainda apresentam deficiências emocionais, comportamentais e emocionais(Mattson et al., 1998; Steinhausen e Spohr, 1998).

Após o nascimento os efeito são claramente vistos onde o ambiente oferece privações e tem uma estimulação pobre. Crianças maltratadas, quando encontradas em ambientes mais restritos demonstram claramente serem emocionalmente lesadas, retardadas ou mudas, ambientes com níveis amenos a privação perceptiva, intelectual e emocional ocorrem em muitos lares onde a pobreza esta presente, aos cinco anos de idade essas crianças demonstram ter QIs mais baixos, são mais medrosas, mais infelizes e mais propensas a comportamentos mais agressivos e hostis.

Crianças crescidas em instituições apresentam maiores restrições e maior dificuldades de inteiração, a rejeição é um problema difícil de ser sanado, mesmo que os pais adotivos queiram se aproximar e dar-lhes amor, carinho e atenção em excesso, o fato de terem sido abandonadas dificulta o encontro e o se doar, exige paciência, muito trabalho e muito afeto.

A infância é considerada um período sensível, ambientes mais ricos em estímulos dão mais chances a criança de se desenvolver ganhar aptidões. o ambiente deve ser rodeado de cores e música, pessoas e coisas para que o bebe veja experimente, cheire, toque. A criança desenvolve mais rápido quando tem materiais estimulantes para brincar. A nutrição do cérebro é feita adquirindo-se uma quantidade imensa de informações desde o pegar a mamadeira, conhecer nomes dos animais, saber as cores, conhecer as pessoas pelo nome, esse conhecimento vai fazendo bilhões de conexões no cérebro. Tanto a hereditariedade quanto o ambiente são importantes, a hereditariedade nos dá potenciais e limitações que são afetadas pelo ambiente, no aprendizado, na nutrição, nas doenças e na cultura de cada indivíduo.

Podemos notar que alguns bebês são mais propensos a chorar, rir, falar alcançar objetos, chamar a atenção ou prestar atenção nos outros. Na fase de crescimento a criança altera todo o comportamento de quem está a sua volta, o relacionamento dinâmico faz com que a criança responda mais rápido aos estímulos. Três fatores determinam o nível de desenvolvimento em qualquer fase da vida: hereditariedade, ambiente e o seu próprio comportamento, todos entrelaçados.

Desenvolver-se é crescer, fazer coisas novas. Cada criança tem seu jeito, cada família tem seu jeito de se relacionar com essa criança, o que faz com que cada criança tenha um jeito próprio de ser, mas, algumas fases são marcadas no desenvolvimento.


FASES DO DESENVOLVIMENTO


Assim que nasce o bebê é incentivado a sugar o peito, essa relação mãe bebê cria lações fortes entre os dois, algumas mães não podem ou não querem amamentar, o fato de alimentar esse bebê na hora certa, com a quantidade certa, e no tempo dele é que fazem com que ele se apegue a mãe ou a cuidadora. Nas instituições os bebês que ficam no berço acabam por ficarem inativos pela falta de estímulos, após chorarem e não serem atendidos prontamente pela cuidadora, eles param de responder a esse estímulo "choro" já que não tem resposta, passam a comer no automático e não reclamar se algo o incomodar.

De 0 a 2 meses o bebê gosta de ser colocado em várias posições, assusta-se fácil, gosta de ser acalentado, gosta que brinquem com ele.

De 3 a 4 meses o bebê, já mais ativo,responde ao olhar de quem o observa, coloca as mãos na boca e gosta de ficar olhando-as, quando ouve barulhos dirige o olhar na direção do som, levanta a cabeça, quando colocado de bruços.

De 5 a 6 meses ele já rola e leva o pezinho à boca, procura a voz com o olhar, pode aparecer o primeiro dentinho, conversar com o bebê ajuda com que ele fale ou faça sons. Importante deixar o bebê em locais seguros, já que ele rola.

De 7 a 9 meses Inicia-se a colocação de frutas , legumes e papinhas. Ele passa a diferenciar as pessoas ao seu redor, já senta sem apoio e tenta ficar de pé.

De 10 a 12 meses Já imita os pais , dá tchau e bate palmas, talvez fale algumas palavras, aponta o que quer e pega objetos com o indicador e polegar, engatinha, se segura nos móveis ou pessoas, precisa comer mais vezes que um adulto, responde ao próprio nome.

De 13 a 18 meses Cada vez mais independente, quer comer sozinha,se reconhece no espelho, pode falar palavras ou até frases curtas, dá alguns passos, mas, sempre busca conforto nos pais ou familiares.

De 19 meses a 2 anos Gosta de brincar, e do contato com outras crianças, anda, corre, sobe e desce pequenos degraus.

De 2 a 3 anos Nomeia objetos, se torna proprietário de tudo demonstra alegria, tristeza e raiva. Inicia-se o desfralde. Gosta de ouvir estórias.

De 3 a 4 anos Ajuda a colocar os sapatos e a roupa. Gosta de brincar com outras crianças tem interesse em aprender tudo o que está a sua volta, gosta de chamar a atenção dos que estão a sua volta. Imita os pais nas ações do da-a-dia.

Aos 5 anos Faz perguntas, aprende a ler, utiliza os tempos verbais, plural e frases na voz passiva, tem condutas sociais, manipula objetos, pega e devolve, torna-se independente no vestir-se, tem maior habilidade com jogos, pula corda e salta com um pé só.

De 6 a 7 anos aperfeiçoa a motricidade fina, constroem estruturas e modelam, usa as mãos como objeto de criação, domina a linguagem oral, forma grupos, segue as normas sociais, antecipa ações, situa-se no espaço e tempo, joga com regras, se interessa por ler, faz as tarefas com autonomia, tem responsabilidades e curiosidade.


A visão da Gestalt-Terapia na infância

Na visão Holística da Gestalt a criança é percebida na influência mútua criança-ambiente, os fenômenos nascem das trocas emocionais vividas entre a criança e o mundo onde ela está inserida. Desde cedo essa criança se ajusta criativamente para conviver com essa família, adapta-se ao mundo da melhor forma que consegue. Os dramas infantis não resolvidos, na perspectiva da Gestalt, são perturbações na auto-regulação e que dão origem a doenças, originadas por mecanismos psicológicos defensivos que visam inibir a conscientização dos sentimentos, pensamentos e necessidades gerando angústia e colocando em risco a relação com o outro.

A infância feliz, protegida, segura é um privilégio para poucos. Muitas crianças vivem em ambientes hostis, sem amor, ou desfavoráveis a um crescimento saudável. Famílias criam ambientes adaptados e por vezes disfuncionais, para a manutenção do equilíbrio emocional, da criança e da própria família. O sofrimento que se percebe nessa criança vem das ações dos entes queridos e alteram suas emoções e sua forma de pensarem si mesma e no mundo. A criança descobre formas criativas de lidar com esse ambiente estressante ou negligente. O ajustamento criativo representa o processo ativo de inteiração desse indivíduo com o ambiente onde vive, para solucionar e restaura a harmonia.

A saúde do organismo se dá por meio da auto-regulação, que é inata do organismo, contudo, sempre que o organismo altera essa satisfação primaria ele modifica a necessidade original, um ajuste criativo coerente ao momento. A criança pode , então, desenvolver uma fobia, como forma de enfrentar um pai violento e chegar a ser muito madura, ajudando a cuidar dos irmãos e da mãe. Ela então deixa de seguir suas necessidades naturais e passa a se ajustar a situação para satisfazer-se e não criar maiores prejuízos ao ambiente, são respostas criativas em resposta a certas situações de conflito e que supri sua necessidade interna. O sintoma aparece como tentativa de um ajustamento criativo que surge para neutralizar uma angústia. Ela acaba por perder a capacidade de manter uma contato saudável consigo mesmo e com o outro, isso abala sua auto-estima, sua auto confiança, sua capacidade de lidar com a ansiedade e com momentos de tensão. A criança saudável desenvolve boa capacidade para lidar com a ansiedade. É capaz de esperar, consegue adiar a gratificação tolerar frustrações (Briggs,1986).



Agradeço sua visita,

Selma Bueno Alves

Psicóloga Clínica

Pós graduanda em Neuropsicologia

CRP 02/22741






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