Por que Não Lembramos de Nossa Primeira Infância?
A originalidade da amnésia infantil intriga pais e profissionais da saúde mental. A neuropsicologia busca desvendar por que as memórias da primeira infância frequentemente escapam de nossa consciência.
Ao se estudar a cognição aprendemos que, nosso cérebro em desenvolvimento e a formação tardia de estruturas de memória contribuem para a amnésia infantil.
A amnésia infantil constitui uma parte importante e normal do desenvolvimento do cérebro, em que aquelas memórias que não são reforçadas ou repetidas se perdem com o tempo. Além disso, o hipocampo, que é uma parte de nosso cérebro situada no lobo temporal , e que guarda as memórias episódicas, não está por completo desenvolvida.
Já faz algum tempo que a neurociência sabe que o hipocampo se desenvolve por volta dos 4 anos de idade. Isso pode ajudar a entender por que não lembramos de quase nada de nossos primeiros anos de vida. As memórias formadas nesse estágio são muitas vezes fugazes, devido à imaturidade do sistema nervoso central, resultando em esquecimento com o tempo.
E a linguagem, que tem um papel importante no nosso processo de formação de memórias, ainda não foi desenvolvida, o que também impacta a codificação e a retenção de memórias na infância.
Quanto mais velha a criança fica, mais ela se lembra de suas experiências, as mudanças ocorridas em suas habilidades verbais são significativas e se sobrepõem ao período de amnésia infantil (antes dos 4 anos).
Por isso ao perguntarmos a uma criança de 3 anos o que ocorreu e ela te contar em detalhes uma história, em até 5 anos depois, este episódio ainda estará presente em suas lembranças, mas para aquelas que não verbalizaram a história, esse episódio estará perdido por não ter sido traduzido em palavras.
Isto não deve ser motivo para os pais não criarem memórias com seus filhos pequenos, mesmo que não se lembrem mais tarde, as experiências ajudam as crianças a aprender mais sobre o mundo.
Estimule o entendimento da amnésia infantil. Encoraje pais e cuidadores a valorizarem os laços emocionais e a nutrição afetiva desde os primeiros anos.
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