A neuropsicologia revela como o cérebro processa emoções, desde a forma como sentimos alegria até como lidamos com o estresse.
Ao estudar as conexões entre diferentes áreas cerebrais, os neuropsicólogos conseguem entender melhor como emoções influenciam o comportamento e vice-versa.
Esse conhecimento é essencial para desenvolver intervenções eficazes para transtornos emocionais, ajudando as pessoas a gerir melhor suas reações e a melhorar sua saúde mental.
Faces e expressões emocionais podem ser vistas como 2 processos separados e que envolvem 2 estruturas cerebrais circuitos neurobiológicos diferentes.
A Neuro imagem sugere que regiões específicas no córtex ínferotemporal e no temporal inferior são responsáveis pelas percepções de fases .
Lesões específicas nestas áreas cerebrais levam a um quadro neurológico de incapacidade para reconhecer rostos familiares ou famosos, entretanto a pessoa com propagnosia (distúrbio neurológico que afeta a capacidade de reconhecer rostos, mesmo de pessoas familiares), apesar de não ter dificuldade em reconhecer expressões emocionais de faces apresentadas como estilos por que o reconhecimento de expressões emocionais não depende somente do Reconhecimento facial mas de outras áreas cerebrais.
A cultura pode diferir em regras e costumes, no entanto quando se trata de expressões a emoção é universalmente conhecida.
Emoções universais incluem Felicidade, tristeza, raiva, medo, repouso, surpresa e possivelmente contemplação, são reconhecidas em todas as culturas em todos os grupos étnicos, já as emoções sociais como culpa, vergonha, arrogância, e admiração são específicas para cada cultura.
A habilidade para perceber e expressar emoções é mantida pelo sistema neural límbico principalmente pela Amígdala e hipotálamo e o sistema dopaminérgico, mas existem outras áreas que também são importantes para o tal processamento.
As bases neurobiológicas das emoções subdividem em 2 outros processos que interagem entre si, o primeiro, fisiológico e o segundo cognitivo. O fisiológico consiste em um conjunto de respostas periféricas anatômicas, endócrino, esquelético motoras e estímulos particulares que levam a informação áreas cerebrais dos níveis inferiores ao tronco cerebral este sistema prepara o corpo para um comportamento e uma ação apropriada.
já o processo cognitivo consiste em uma experiência consistente do estímulo e da resposta corporal pareada sendo isso regulado pelas áreas cerebrais superiores incluindo o córtex cingulado e os lobos frontais.
A amígdala é ativada quando há representações de expressões faciais das emoções em geral, mas está fundamentalmente envolvida no processo do medo. Uma lesão na amígdala interrompe a elicitação de resposta emocional inconsciente ao estímulo emocionalmente carregado e lesões no hipocampo sessando a habilidade de determinar aspectos cognitivos associados a uma em particular.
Estudos de dissociação de lesionados e portadores de doença de Huntington trouxeram evidências de que enquanto o medo é processado na amígdala, o nojo é processado nos gânglios de base. dessa forma, doenças distintas podem se caracterizar por déficits diferentes em aspectos específicos do processamento emocional.
Estudos com humanos que sofreram diferentes tipos de lesão em diversas regiões cerebrais e investigações neuropsicológicas sugerem que o hemisfério direito é dominante para o processamento das emoções.
Existe a hipótese de que o hemisfério direito seja especializado para processar todas as emoções, considera a vantagem desse hemisfério para reconhecimento de emoções negativas e de o hemisfério esquerdo para emoções positivas, as emoções negativas são mais comuns como tristeza, medo, raiva, e as emoções positivas Alegria, Felicidade, e eventualmente a surpresa.
Estudos realizados com crianças relatam que o reconhecimento de expressões emocionais melhora com a idade porém não surge como um estágio específico de desenvolvimento as habilidades das crianças emergem gradualmente ao longo do tempo sendo feliz a expressão reconhecida mais cedo e com maior precisão seguida por triste ou raiva e por último as expressões de surpresa e medo este dado corrobora com estudos e reconhecimento de emoções e pessoas sem diagnóstico psiquiátrico ou neurológico que mostram, que a Felicidade é identificada de modo mais fácil em aproximadamente com 100% de precisão mesmo em baixo nível de intensidade as outras emoções universais, varia entre diferentes estudos e podem ser decorrentes em parte de expressões pois dependem de tipo e intensidade variável.
Habilidade social é algo complexo que parece desenvolver-se a partir de fatores presentes desde o nascimento, a capacidade de reconhecer faces e expressões emocionais tem valor adaptativo, sendo que a leitura correta das emoções no contexto social, fornece pistas sobre condições presentes e assim indica as direções que o comportamento de um indivíduo deve seguir a fim de ser socialmente apropriado.
Estudos sobre percepção e o reconhecimento de emoções sugere que existe uma tendência de alto afeto negativo e baixo afeto positivo na esquizofrenia estes pacientes apresentam déficits na diferenciação e discriminação de fases felizes, mas não de faces tristes.
Tal achado foi replicado por Suslow, Roeste, Ohrmann e Arolt (2003), que encontraram incremento na detecção negativa de fase, mas apenas nos pacientes que sofriam de anedonia. Estabelecendo assim correlação entre esse déficit particular e outros de ordem cognitiva incluindo aprendizagem verbal e não verbal abstração e flexibilidade.
Pessoas com transtorno bipolar compartilham com pacientes com esquizofrenia inúmeros déficits cognitivos e sociais embora tais déficits sejam mais graves na esquizofrenia.
As pesquisas feitas sob percepção e reconhecimento de emoções apresentam resultados conflitantes que requerem maior elaboração, alguns estudos mostram um aumento no reconhecimento do nojo em bipolares eutímicos, outros não encontram diferença entre controle de pacientes no reconhecimento da sensibilidade em relação à expressão facial das emoções (Venn et al, 2004).
Toda via, inúmeros estudos revelam viés para afeto positivo durante a mania e viés negativo para afeto durante a depressão. Assim os déficits no reconhecimento e na percepção das emoções podem refletir uma deficiência estado induzido em vez de um traço doença específica.
O trabalho sobre o reconhecimento de emoções em pacientes com depressão revelam que estes apresentam prejuízos no reconhecimento da emoção feliz, sendo que na fase aguda demonstram comprometimento para o reconhecimento da emoção triste, a falsa atribuição de emoção tem sido considerada como principal déficit na depressão com faces neutras frequentemente equivocadamente identificadas como algo desagradável ou ameaçador.
Discute-se que pessoas com deficiência intelectual apresentam déficits de reconhecimento de emoções e esses estão relacionados com o déficit cognitivo ou se o reconhecimento da emoção é independente da cognição geral, a maioria dos estudos avalia pequenos grupos comparando crianças com Sindrome de down, com outras formas de retardo mental e crianças saudáveis.
Em resumo as expressões faciais são usadas, particularmente, para transmitir um estado emocional e a capacidade de produzi-las e reconhecê-las é um componente importante da comunicação interpessoal. No avanço das neurociências, deixa cada vez mais evidente, que o componentes Neurobiológicos envolvidos neste fenômeno tão complexo e a necessidade de uma verificação mais apurada de tais habilidades, como parte integrante de uma avaliação neuropsicológica, visam uma maior compreensão do funcionamento normal e patológico uma caracterização de quadros e diagnósticos, principalmente contribui para o desenvolvimento de propostas terapêuticas mais eficientes.
Selma Bueno Alves
CRP 02/22471 - PE
Psicóloga Clínica
especialista em Neuropsicologia;
Psicologia Existencial,Fenomenológica e Humanista;
Neurociência, Comportamento e Psicopatologia.