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Foto do escritorSelma Bueno Alves

TRANSTORNOS DO NEURODESENVOLVIMENTO

Atualizado: 13 de jan. de 2021

São um grupo de condições com início no período de desenvolvimento, tipicamente se manifestam cedo no desenvolvimento, em geral, antes de a criança ingressar na escola. Sua característica são os déficits no desenvolvimento que acarretam prejuízos no funcionamento pessoal, social, acadêmico ou profissional. Variam desde limitações específicas na aprendizagem ou no controle das funções executivas até prejuízo global nas habilidades sociais ou inteligência. É frequente que a criança apresente mais de um transtorno do neurodesenvolvimento ao mesmo tempo. Alguns dos transtornos, inclui-se a sintomatologia, tanto excesso quanto déficits e atrasos em atingir os marcos esperados para a idade.




Deficiência Intelectual - DI


Transtorno Do Desenvolvimento Intelectual


Segundo o DSM-V é um transtorno com início no período de desenvolvimento que inclui déficits funcionais, tanto intelectuais quanto adaptativos,nos domínios conceitual, social e prático.


O termo Deficiência Intelectual veio para substituir o termo Retardo Mental, através de uma lei nos EUA (Public Law 111-256, Rosa's Law) , é um termo de uso comum por médicos, educadores e outros, além do público leigo e grupos de defesa dos direitos.

Os vários níveis de gravidade se definem com base no funcionamento adaptativo, e não em escores de QI, uma vez que o funcionamento é que vai determinar o nível de apoio necessário.


A Deficiência Intelectual atinge vários fatores do comportamento ou das habilidades da vida diária da pessoa, ela é avaliada em graus, do mais leve ao mais profundo. A Deficiência Intelectual pode ser detectada desde os primeiros marcos da vida da pessoa, é aquela criança que não se sentou no tempo certo, não falou no tempo certo, não andou no tempo indicado, teve dificuldades para comer sozinha etc. Afeta a coordenação motora geral, grossa e fina. A deficiência Intelectual traz prejuízos em muitas áreas da vida do portador, alguns precisarão de auxílio por toda vida, a depender do grau. Afeta a vida acadêmica e pedagógica, porque essa criança tem dificuldade em planejar, memorizar, compreender e generalizar conceitos e conteúdos. Na socialização são aquelas crianças que não tem controle dos seus atos, podendo ser hiperativas, perdem a noção e querem continuar as atividades mesmo que os outros não desejem. Podem deixar as outras crianças fazerem as atividades e somente depois ela faz, repetindo a ação ou atividade. Tem dificuldade em resolver problemas, acompanhar conversas, aguardam os outros tomarem as decisões, se tornando mais dependentes. No auto cuidado tem uma certa dependência e podem não perceber que estão sujas, ou que não estão tão bem apresentáveis em determinados ambientes, tem dificuldade em cuidar das próprias tarefas, do material pessoal, tem dificuldade para lidar com dinheiro. São facilmente abusadas, por não fazer juízo do outro, caem em conversas e enganações. São crianças que necessitam que seu aprendizado seja no modo repetitivo, precisam ser estimuladas para que se responsabilizem por suas tarefas, quanto mais ela repete uma atividade mais sua rede neuronal se desenvolve.


Do grau mais leve ao mais profundo, notamos que as dificuldades nas habilidades e no auto cuidado são graduais e no grau leve pode passar como dificuldade de aprendizagem. O sujeito mostra-se imaturo nas relações sociais, a comunicação e linguagem; são imaturas e concretas para a idade, podem apresentar dificuldade na regulação da emoção e do comportamento.A linguagem falada costuma ser um recurso primário de comunicação social embora com muito menos complexidade que os companheiros. O indivíduo pode manter amizades bem-sucedidas e até romances ao longo da vida. O julgamento social e a tomada de decisões são limitados. As amizades podem ser prejudicadas pela limitação de comunicação e social, havendo necessidade de apoio social e de comunicação significativo nos locais de trabalho Aprecia os membros da própria família como companhia, assim como dos cuidadores e outras pessoas conhecidas, iniciando interações sociais. No modo mais severo reage a elas por meio de pistas gestuais e emocionais. Podem existir ao mesmo tempo prejuízos sensoriais e físicos que impedem muitas atividades sociais. Indivíduo necessita de apoio nas atividades no grau leve passando a altamente dependente em todos os aspectos no grau mais profundo, os que não tem algum prejuízo físico podem ajudar nas tarefas diárias. Atividades recreativas necessitam do apoio de outras pessoas. Comportamento mal adaptativo está presente em uma minoria significativa. No lazer assemelha-se aos da faixa etária, embora o juízo relativo ao bem estar e a organização necessitem de apoio, no grau profundo necessita do apoio de outras pessoas para as atividades recreativas. O comportamento mal adaptativo está presente em uma minoria, o que causa problemas sociais, nos graus moderado e profundo inclusive, auto-lesão, está presente em uma minoria significativa.


O diagnóstico se inicia fazendo-se a comparação desse indivíduo com outros de mesma idade, gênero e aspectos socioculturais nas funções adaptativas diárias. Esse funcionamento é investigado mediante o uso da avaliação clínica quanto de medidas individualizadas, culturalmente psicometricamente adequadas, onde medidas padronizadas são empregadas como informação (pais, professores, provedores), avaliação educacional, desenvolvimental, médicas e de saúde mental, que devem ser empregadas com julgamento clínico.


A deficiência intelectual é uma condição heterogênea multifatorial, podendo haver dificuldades associadas ao juízo social, à avaliação de riscos, ao controle de comportamentos, emoções ou relações interpessoais, ou a motivação na escola ou ambiente de trabalho. A inabilidade na comunicação pode predispor comportamentos agressivos e disruptivos. A falta de consciência dos riscos podem resultar em falsas confissões e riscos de abuso físico e sexual. Esses aspectos associados podem ser importantes em casos criminais, incluindo audiências do tipo de Atkins, envolvendo pena de morte. As pessoas com esse tipo de transtorno e com outros transtornos comórbidos apresentam riscos de suicídio, pensam, e fazem tentativas e podem vir a morrer em decorrência delas. Em decorrência da falta de consciência de riscos e perigos, as taxas de lesões acidentais, podem ser elevadas.


O curso e desenvolvimento, dependem da etiologia e da gravidade da disfunção cerebral. Atraso nos marcos de desenvolvimento podem ser identificados nos níveis mais graves até os dois anos de idade, os níveis mais leves serão identificados na idade escolar quando se apresentam as dificuldades de aprendizagem. Algumas crianças com cinco anos de idade já apresentaram claros os critérios para Deficiência Intelectual, geralmente são investigados como atraso global do desenvolvimento.


Quando a deficiência Intelectual esta associada a uma síndrome genética, pode haver uma aparência característica. Nas formas adquiridas o aparecimento pode ser abrupto, após doenças como meningite, encefalite ou traumatismo encefálico, durante o período de desenvolvimento. Quando decorre da perda de habilidades cognitivas previamente adquiridas, como lesões cerebrais traumáticas pode ser atribuído o diagnóstico de deficiência Intelectual ou Transtorno neurocognitivo Embora não seja uma doença progressiva, em algumas doenças genéticas á melhores e piores períodos. Depois da primeira infância o transtorno costuma perdurar a vida toda, ainda que a gravidade possa ser modificada ao longo do tempo. Em alguns casos , ocorre a melhora significativa da função intelectual chegando a reverter o diagnóstico.


A deficiência Intelectual ocorre em todas as raças e culturas, Sensibilidade e conhecimento culturais são necessários durante a avaliação, devendo ser considerados antecedentes étnicos, culturais e linguísticos individuais, experiências disponíveis e funcionamentos adaptativos na comunidade e no cenário cultural individual.


Sinais aparentes da Deficiência Intelectual: falta de interesse pelas atividades na sala de aula; pouca interação com os colegas e com a professora; dificuldade na coordenação motora geral, dificuldade para identificar letras, a fala se desenvolve insatisfatoriamente (muitas vezes somente respondendo e não dando continuidade as conversas), dificuldade em se adaptar em diferentes ambientes; quando a criança esquece o que já havia aprendido, etc..


A Deficiência Intelectual necessita de trabalhos repetitivos sistematizados, para que o sujeito aprenda, esses sujeitos não aprendem por erro e acerto. As atividades para aprendizagem devem ser diárias com estímulos concretos repetidos para que ele não erre, na média 80% dos sujeitos com Deficiência Intelectual podem ser alfabetizados. Um dos recursos com grande assertividade é a utilização de rimas. Importante trabalhar a quantidade e não a qualidade.


Geralmente a terapia farmacológica é aplicada a pacientes com Deficiência Intelectual por pediatras que nem sempre foram treinados para tal, mesmo psiquiatras treinados no atendimento adulto tem dificuldades marcantes no atendimento com pacientes com Deficiência de Inteligência, valorizando como psicopatológicos sintomas que, muitas vezes, são decorrentes do atraso de desenvolvimento. Para Bygdnes e Krystiansen, cerca de 44% dessa população se encontra medicada por psicotrópicos, o que leva a pensar nas comorbidades, mas, mais ainda, nas questões das demandas sociais, uma vez que, mesmo havendo a troca da instituição, por parte do paciente, nota-se um aumento nessa prescrição. Aman et.al. ressaltam que, dada a prevalência de prejuízos cognitivos neste grupo, é importante abordar qualquer eventual efeito cognitivo, recomendando a compilação rotineira dos efeitos colaterais (peso, estatura, sinais vitais e abordagem dos efeitos colaterais extrapiramidais) como investigação laboratorial da continência e dos padrões do sono.





Agradeço sua visita,

Selma Bueno Alves

Psicóloga Clínica

Pós graduanda em Neuropsicologia

CRP 02/22741




Referências

Clínica Psiquiátrica de Bolso / Editores Orestes Vicente Forlenza, Eurípedes Constantino Miguel 2.ed. rev. e atual. –Barueri, SP : Manole, 2018

DSM-V [American Psychiatric Association; tradução; Maria Inês Corrêa Nascimento ... et.el.];revisão técnica: Aristides Von Patto Cordioli ..[et.al.]. – 5.ed. – Porto Alegre : Artmed,214 XLIV,948p.;25cm.









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