top of page
Foto do escritorSelma Bueno Alves

AS DIFICULDADES DE UMA SEPARAÇÃO

Atualizado: 28 de jan. de 2021



A separação não é só o fim de uma união material, mas uma quebra de vínculos, de laços emotivos, sexuais e afetivos, criados, tanto pelo amor como pelo ódio, pelas brigas e pelas reconciliações.

Dependendo de quem é o responsável pelo término diferentes tipos de dor passam a serem sentidas. Embora seja considerado ruim para ambos, em geral sofre mais aquele que é percebido como deixado.

Não porque a separação não doa na pessoa que terminou, mas, porque para aliviar sua dor, tem o estímulo do impulso que o levou a agir e o sentido de renovação.

Uma sensação de alívio amortece o impacto das dores. Existe a novidade, a mudança, a passagem de um passado conhecido para um futuro sem previsões.

Logo após costumam virar culpa e a tristeza. Surgem aí, com toda força, os bons momentos, sonhos desfeitos, a tristeza pelo que poderia ter sido, mas não foi, pelo que não foi possível manter. Aparecem os sentimentos de ódio e frieza para neutralizar os de culpa. A pessoa passa a denegrir e difamar a outra para convencer-se de que não perdeu grande coisa. Quando a separação diz respeito a uma família, com filhos, a dor passa a ser sentida todos os membros

Quanto mais longa a união mais desoladora será a separação, mesmo se a intimidade era produto de sofrimentos, incompreensões e ofensas. Para algumas situações também chagam juntamente, o alívio. Alívio por não ser mais agredida, por não sofrer mais injurias, por não ser mais maltratada.

Existem vários tipos de separação, pessoas se separam porque acreditam que não se amam mais, porque são apenas amigos agora, porque não sabem como conviver juntas a partir de algum ato. Quando ocorre pela compreensão de ambos, ela não é dolorosa, pode inclusive causar o crescimento e amadurecimento de ambos os participantes, reconhecer que não se cabe mais em um determinado local é libertador.

Mas, quando a pessoa que se separa tem um histórico de agressão, maus tratos, ofensas, etc. o alívio vem de imediato, a calmaria de não passar mais por situações de constrangimento e dor, mas também chega a sensação de impotência, do "como eu fui capaz de aguentar tantos anos disso tudo", a autopunição, a destruição de si mesmo.

Sob anos de ameaça a pessoa passa a não saber como se portar diante de situações corriqueiras, sua frio, treme, entra em pânico diante do que seria uma simples decisão, mas aqui ela precisa pesar os prós e contras, imaginar como seria vista a sua tomada de decisão pelo agressor de tanto tempo. Perde-se muito mais do que a liberdade, perde-se a essência, roubaram-lhe a essência da vida.

O caminho de volta é árduo, buscar a liberdade física e psicológica é um trabalho que vai depender do quanto essa pessoa foi atingida. Ela se auto pune, se desmerece, desama, se sente culpada, por si e por seus filhos, se estes existirem.

A sociedade não ajuda, julga sem limites, acusa. Colocando a pessoa em uma situação ainda pior, do que ela já se encontra. É fácil criticar quando se está de fora de uma situação, quando não se sabe o caminho que levou essa pessoa a estar nessa situação, o ciclo da violência é cheio de artimanhas.

A pessoa vai modificando a outra aos poucos, frases de incentivo, cuide do cabelo, pinte as unhas, use esta ou aquela roupa fica melhor em você que esta, tome vinho não cerveja é mais bonito, aos poucos vai mudando a forma da pessoa agir não ria tão alto, não defenda seus pontos de vista eu sei o que é melhor para você, não discuta comigo eu sei o que digo, "eu sempre sei o que é melhor para você", EU MANDO AQUI. A pessoa aos poucos perde a vontade de ser autêntica, entende que o outro sabe melhor que ela o que é bom para ela, vai perdendo a essência da vida.

Quando não se tem mais o que mudar na outra pessoa, o agressor, passa então, a dizer que ela só existe porque ele a fez assim, que ela não é nada sem ele por perto, então, ele passa a ofender, desmerecer, criticar as mudanças e a falta de originalidade, passa a ver fora da relação, outras pessoas, buscar outros relacionamentos, pessoas as quais ele pode controlar e mudar.

A pessoa sem essência, não sabe como sobreviver sem o agressor, o caminho de volta é árduo, a sociedade critica, por vezes os filhos a criticam, os pais, poucos são os amigos que apoiam a decisão de separação, não querem se envolver, muitos simplesmente porque não se sentem na obrigação de ajudar a pessoa a se reerguer , dar uma força, apoio financeiro, abrigo, ouvir, se mexer, ter que fazer algo. São muitas as dificuldades.

A auto estima precisa ser conquistada aos poucos, a rede de dores que cerca a pessoa precisa ir se desmanchando aos poucos até que ela possa ver a realidade dos fatos vividos, em contra partida, tudo precisa ser muito rápido, ela precisa se sustentar, sobreviver, cuidar dos filhos, ser abrigo sem ter abrigo, cuidar sem ter quem cuide dela, é preciso ser fortaleza. E como ser fortaleza quando se está tão frágil e sofrida, quando



Agradeço sua visita,

PairarPsi - Selma Bueno Alves

Psicóloga Clínica

Pós graduanda em Neuropsicologia

CRP 02/22741

3 min


28 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page