A linguagem é o meio pelo qual se manifestam os processos intelectuais superiores. A expressão vocal a maneira mais conhecida de se realizar contato social, é a base sobre a qual de desenvolve a cultura humana. A palavra falada é o resultado de contrações musculares automáticas simples do conjunto composto de cordas vocais, véu palatino, diafragma, maxilares, língua e lábios, que eliminam o ar pela abertura da boca, numa combinação de contrações com pressão apropriada, entretanto, cada som emitido tem uma complexa integração no Sistema Nervoso central.
Para que a linguagem seja integra ela precisa de alguns fatores, um elemento sensorial para captar e receber estímulos externos e a perceber a linguagem (Ouvido), um elemento motor, os órgãos de articulação (cordas vocais, véu palatino, diafragma, maxilares, língua e lábios) que devem ser bem desenvolvidos para que a execução seja perfeita, um elemento de coordenação entre o estímulo e a articulação, o cérebro, algum nível intelectual e o ambiente, que interfere nas emoções. A junção destes elementos permitem que a fala seja perfeita.
O primeiro passo para o desenvolvimento da linguagem é o choro, a criança só não chora quando tem alguma lesão no primeiro nível. O choro é usado para fome, dor, calor, frio, atenção etc. Aos seis meses a criança já consegue pronunciar algumas silabas, aos dez meses emite barulhos ou silabas pronunciadas pelos pais, com doze meses a maioria tem 2 a 4 palavras significativas. Por volta dos dois anos de vida, a linguagem se desenvolve com maior rapidez e a criança deve ter de dez a vinte palavras, aqui ela já consegue combinar palavras e fazer frases curtas e expressa seus desejos por gestos ou apontando. Aos três anos entram os verbos, substantivos, gênero, alguns adjetivos advérbios, preposições e conjunções, um total de mil palavras em média. Aos quatro anos a criança é capaz de falar corretamente reproduzir histórias breves no passado e no futuro.
O transtorno de linguagem inclui dificuldades na aquisição e no uso de linguagem por deficit na compreensão ou produção de vocabulários, na estrutura das frases e no discurso. A aprendizagem e o uso da linguagem devem ser investigados nas modalidades expressiva e receptiva, pois podem diferir quanto a gravidade. Os efeitos do transtorno dificultam a capacidade de discurso do indivíduo.
As primeiras palavras da criança, muito provavelmente, surgiram com atraso, o vocabulário é pequeno e menos variado que o esperado para a idade, frases curtas, erros gramaticais, especialmente ao descrever o passado. As dificuldades com o discurso são evidenciadas pela redução da capacidade de fornecer informações adequadas sobre eventos importantes ou ao narrar um história coerentemente.
A família desse indivíduo, provavelmente tem histórico de transtornos de linguagem, a criança pode se acomodar à seus limites linguísticos, podendo parecer tímidas ou reticentes ao falar.Os indivíduos podem escolher falar apenas com membros da família ou outras pessoas conhecidas. O transtorno de linguagem pode ser comórbido com transtorno da fala.
O transtorno de linguagem surge por volta dos 4 anos de idade, quando as diferenças na linguagem ficam mais estáveis e tipicamente persiste na vida adulta, ainda que pontos fortes e fracos mudem, possivelmente ao longo do desenvolvimento. Os transtornos de linguagem são altamente herdáveis e membros da família tem maior propensão a apresentar historia de prejuízo na linguagem.
Para a Gestalt o corpo da criança revela as emoções e sua organização psíquica, a subjetividade passa primeiro pela vivência corporal antes de se identificar como sujeito. Esse EU corpo nasce das sensações internas e da superfície do corpo que completa o contato com o mundo externo. Tudo o que a criança vê, escuta ou sente referente a ela, ela associa ao seu EU.
A criança então reage a xingamentos ou desqualificações com tensões em certos pontos do seu corpo, essas tensões influenciam seu andar, sua postura, sua respiração, seu falar. As tensões localizadas constroem um padrão corporal que indica se ela tem conflitos entre suas sensações <=> emoções, podendo levar a criança a se desconectar de si mesma, para conter as emoções e retrofletem voltando-se para si mesmas.
Ao Gestalt-Terapeuta será necessário propiciar experimentos sensoriais que mobilizem as emoções dessa criança para que ela resgate a conexão com seu corpo. Ajudar a criança a reconhecer os sentimentos e emoções e identificar em que parte do corpo elas se localizam afim de facilitar a expressão de sentimentos bloqueados que estão interferindo em seu processo de desenvolvimento.
Transtorno da fala.
A produção da fala necessita da capacidade de coordenar os movimentos dos articuladores (cordas vocais, véu palatino, diafragma, maxilares, língua e lábios), além do conhecimento fonológico dos sons. A criança com dificuldades para produzir a fala pode apresentar dificuldade no reconhecimento fonológico dos sons da fala ou na capacidade de articulação dos movimentos para falar em vários graus. Assim o transtorno da fala é um transtorno heterogêneo em seus mecanismos subjacentes, incluindo transtorno fonológico e transtorno de articulação. Ele só é diagnosticado quando a fala não ocorre como esperado, de acordo com a idade e estágio de desenvolvimento, e quando as deficiências não são consequências de prejuízo físico, estrutural,neurológico ou auditivo. Aos 4 anos de idade a fala deve ser inteligível aos 2 anos apenas 50% é compreensível.
A maioria das crianças com transtorno da fala respondem bem ao tratamento e as dificuldades melhoram com o tempo, assim, o transtorno não é persistente, entretanto se tiver um transtorno de linguagem presente, o transtorno da fala tem um pior prognóstico, podendo se associar a transtornos de aprendizagem.
Mutismo
Um transtorno onde a criança se nega a comunicar-se oralmente em ambientes onde não se sinta segura. O uso limitado da fala pode ser um sinal de MUTISMO SELETIVO, um transtorno de ansiedade caracterizado pela ausência da fala em um ou mais contextos ou cenários, ele pode aparecer em crianças com algum transtorno de fala devido ao constrangimento causado por suas limitações. Descartada a surdez ou qualquer outra afasia, uma outra forma de não falar são os possíveis conflitos intrapsíquicos, que situam essa criança no nível neurótico.
O MUTISMO pode revelar um grau intenso de regressão e desorganização dessa criança. O Mutismo está diretamente ligado a fatores emocionais e é diagnosticado, geralmente, no inicio da fase escolar. São crianças que demonstram ser tímida, quietas, introvertidas e ansiosas, falam com algumas pessoas específicas e animais, também, são extremamente inteligentes.. As crianças com este tipo de transtorno geralmente recebem um diagnóstico adicional de ansiedade ou fobia social, pode ser caracterizado como uma consequência do sistema familiar em que vive e da ansiedade que a família depositou na criança.
Importante desenvolver uma proposta de tratamento em que a criança seja capaz de interagir verbalmente e de forma espontânea com adultos e crianças ao seu redor. Através da brincadeira ajudar a criança a se expressar com maior facilidade, ajudando-a em seus conflitos e dificuldades conseguindo assim uma melhor inteiração social e na família. sendo o brincar um ato espontâneo da criança, a ludoterapia oferece um ambiente seguro, permitindo que ela venha a se comunicar de uma forma confortável.
Transtorno de fluência ou Gagueira.
O transtorno de fluência ou GAGUEIRA, é um transtorno que tem inicio na infância, uma perturbação no ritmo da fala, a pronuncia é rápida e confusa, às vezes com troca de sílabas. U ma interrupção no fluxo da linguagem, causada por bloqueios ou tensões, vacilo ou prolongamento dos sons, podendo vir acompanhada de espasmos (Tics) ou não.
O corre até os 6 anos de idade, podendo ser insidioso ou mais repentino. Normalmente tem inicio gradual, com repetição das consoantes iniciais, das primeiras palavras de uma frase ou de palavras mais longas. a criança não percebe estas disfluências. Com o tempo aumentam e causam interferência mais significativas. Ao perceber a disfunção a criança pode se esquivar de falar em público, como reação. 65 a 85% das crianças se recuperam da gagueira por volta dos 7 anos, sendo esse um preditor de persistência na adolescência ou pós.
Todos os casos de GAGUEIRA. devem ser submetidos a psicoterapia, somente após ter iniciado as sessões é que podem ser associados tratamentos de ortofonia e exercícios psicomotores.
Agradeço sua visita,
Selma Bueno Alves
Psicóloga Clínica
Pós graduanda em Neuropsicologia
CRP 02/22741
Referências
Clínica Gestáltica com crianças : caminhos de crescimento / Sheila Aantony (org). São Paulo: Summus, 2010
Clínica Psiquiátrica de Bolso / Editores Orestes Vicente Forlenza, Eurípedes Constantino Miguel 2.ed. rev. e atual. –Barueri, SP : Manole, 2018
DSM-V [American Psychiatric Association; tradução; Maria Inês Corrêa Nascimento ... et.el.];revisão técnica: Aristides Von Patto Cordioli ..[et.al.]. – 5.ed. – Porto Alegre : Artmed,214 XLIV,948p.;25cm.
GRÜNSPUN, HAIM, Distúrbios Neuróticos da criança - 2ª reimpressão da 4ª edição , livraria Atheneu - Rio de janeiro -São Paulo - 1984
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